22/10/2010

Que soem os tambores: SOATÁ (DF) se apresenta hoje no Grêmio

"Bem, levaremos a nossa vontade e prazer de estar fazendo um som que nós construímos com muita dedicação e respeito, alegria de estar compartilhando esse som com a galera de Londrina, que representa um contato com uma diferente cultura e região. É uma grande honra pra gente essa oportunidade e queremos colocar Londrina pra ouvir, pensar e dançar!" – Jonas Santos, guitarrista da Soatá*


Os timbres da banda Soatá , do Distrito Federal, ecoaram por Londrina no segundo dia das prévias com uma força tamanha que resultaram em seu retorno para o festival hoje, 22 de outubro, às 21h, no Grêmio. Para esta batida marcante, o grupo evoca manifestações musicais e folclóricas como carimbó, lundu, marujada, retumbão, siriá, marabaixo, samba de cacete e do boi.

Pela primeira vez no Festival Demo Sul, a banda acresce à sua música ímpar, ritmos como o funk, reggae, hip hop e rock. Em suas músicas, relações étnico-raciais complexas, tais como as tradições populares e as relações de domínios e resistências dos povos amazônicos, eles exploram os versos em baques que o grupo define como rockarimbó, carimbeat, funkarimbó, índiostrial e Hard Quadrilha Core.

A ponte entre Belém e Brasília que se estende agora para o sul do país é formada por Jonas Santos (guitarra), Ellen Oléria (voz, violão, cavaquinho, banjo), Dido Mariano (contrabaixo), Lieber Rodrigues (percussão) e Riti Santiago (bateria). O guitarrista Jonas Santos define esta conexão como um "intercãmbio de idéias". Atualmente, as letras são escritas por ele, mas algumas parcerias com a vocalista Ellen já estão surgindo.
Jonas é paranaense e mora em Brasília há 12 anos. "Escrevi sobre aquilo que vi e vivi quando morava em Belém do Pará; não como um pesquisador, mas como um simples espectador", conta. O músico começou a escrever com mais dedicação quando viu o grupo Soatá nascendo e percebeu que deste novo ambiente surgiriam outras dimensões além da cultura nortista. Hoje, a banda fala do místico que transita nesse mundo dito real, de conflitos e desigualdades sociais. Segundo Jonas, cada integrante interpretou a proposta de exploração e fusão desses rítimos amazônicos com suas próprias influências,o que enriqueceu o trabalho da banda.

*Soatá é o período em que os caranguejos do nordeste do Pará buscam parceiros para se acasalar. Para isto, perambulam entre materiais orgânicos, caules, raízes e detritos expostos no lamaçal proporcionado pela maré baixa. Alguns destes caranguejos acabam por ultrapassar as fronteiras e ao atingir terra firme, mata fechada, habitações isoladas, lavouras, estradas e vilas, tornam-se vulneráveis a predadores, o que cria um paradoxo entre a possibilidade de reproduzir/viver e o risco da morte.

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