20/10/2010

Ebinho Cardoso rompe paradigmas do contrabaixo

"Costumo dizer que a música me salvou. A arte traz para a gente um universo de possibilidades". Assim Ebinho Cardoso começou seu workshop de contrabaixo ontem à noite, no auditório da Sonkey. Arranjador, compositor e pesquisador, o mato-grossense que já estudou com Nico Assumpção e Ian Guest, entre outros, foi convidado para ministrar o workshop e apresentou sons que soaram diferentes aos ouvidos acostumados com as toadas convencionais do baixo, como os excessivos slaps, clássicos dos jovens e afobados baixistas.

Ebinho é autor do livro Harmonia e Dicionário de Acordes para Baixo Elétrico, resultado de anos de pesquisa sobre o baixo como instrumento harmônico. O músico tem vasta experiência no meio musical, com três discos, um livro e Cd's aula, além de inúmeros shows, participações e parcerias com músicos renomados nacional e internacionalmente.
Durante o workshop, quem estava presente teve a impressão de que havia uma banda inteira escondida em um baixo só. "Tem um milhão de sons aqui; eu costumo usar no máximo dois", brinca o músico, que soma em seu instrumento harmonias do violão erudito e popular, piano, percussão, entre outros. Ele conta que usualmente ouve as pessoas perguntando, "Mas isso é um baixo ou uma guitarra?" Entretanto o músico explicou que vê o Brasil como um país onde é muito difícil ver a arte valorizada, portanto sabe quando há a necessidade de tocar do jeito convenional, precisa equilibrar suas escolhas.
Ao falar das técnicas utilizadas, o músico contou que há cerca de sete anos teve um problema em seu braço que o fez ficar por três meses sem tocar. Após repouso, fisioterapia e várias dificuldades, ele começou a explorar outras possibilidades de tocar baixo sem, por exemplo, ficar necessariamente com a mão direita perpendicular às cordas do modo comum para a maior parte dos baixistas. Também sobre o assunto, ele explicou que ao tocar com o punho dobrado, a mão perde muita força.
O instrumentista citou nomes que ele vê como fundamentais na formação de um bom músico, como o bandolinista Hamilton de Holanda e o baixista Sérgio Groove. Além disso, Ebinho conversou, sorriu, respondeu, tocou, cantou. Para ele, tocar e cantar algo que o faça se sentir bem, transmite as mesmas boas sensações e sentimentos aos que recebem sua música. Com Wave, de Tom Jobim, emocionou a todos que estavam lá com sua música de timbre suave. E, por fim, após fazer soar uma cuíca de seu baixo, rubirizou a platéia ao pedir que o acompanhassem sua melodia cantando junto.

2 comentários:

Lais Taine disse...

Tati, vc é boa nisso!

Isabela Cunha disse...

A Tati é total flex, sabe? É uma graça no texto, no vídeo, na captação. E ainda fala espanhol a moça. E faz as perguntas mais difíceis com a maior naturalidade.
Eu adorei. Todos esses pontos aí em cima.