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19/10/2010

Choveu música em Londrina


Pombos. Vários deles tomaram o céu londrinense no final da tarde da última sexta. Assustados pelo chuvão que se aproximava, os bichos passavam zunindo pelo Centro da cidade. Quem também marcou presença na região central de Londrina foi José Serra, candidato tucano à presidência visitando Londrina pela terceira vez na campanha.

Eu não sei se os pombos, na pressa por conseguir um abrigo, e Serra, na pressa por descolar mais alguns votos, repararam, mas eles passaram bem ao lado do Museu de Arte de Londrina, que abrigava a estreia do festival Demo Sul 2010.

Estreia essa que demorou começar. Culpem a chuva, ou a ameaça dela. Ventava. Relâmpagos e trovões cortavam o céu. E cadê de cair água? Nada. Se a intenção da chuva (vamos acreditar nos sentimentos dela, ok?) era espantar o público, não deu lá muito certo. Porque, apesar de um segundo dilúvio se aproximar, a audiência, firme, forte e cansada de covers, ia chegando ao Museu.

A chuva, arrogante, se julgando tão importante quanto rock stars, demorou pra iniciar sua apresentação. Mas, em certo momento nem ela se aguentou e... Dá-lhe água! Colaboradores, público, artistas, todos devidamente ensopado graças ao aguaceiro.

Enfim, música! Depois de chuva, pombo, Serra e passagens de som, o Demo Sul 2010 começava com Bernardo Pellegrini e o Bando do Cão Sem Dono. Eram oito horas. Provavelmente, iniciar um festival de música enquanto a quadradona Voz do Brasil toma os rádios Brasil afora não é recomendável: deve dar azar. Por isso, atraso. Bom, voltemos ao Bernardo e o Bando...

Os colegas de colaborativa já disseram o suficiente a respeito das bandas de sexta. Vale eu escrever mais sobre elas? Vale, mas farei apenas observações breves, espero. O Bando, e Bernardo, são londrinenses. O grupo, a música que eles fazem, o estilo dos caras, tudo isso me traz um tom de nostalgia. De uma "outra" Londrina que existiu há certo tempo. Não bandeando (entendeu essa? Há!) pelo saudosismo, mas, ao escutá-los, sinto que tô numa ponte entre a atual cena londrinense e aquela - que não presenciei, claro - ocorrida em um passado recente.

Para os míopes, a entrevista em vídeo (calma, vai ser postada em breve) com Bernardo e o Bando também foi gravada em áudio, que segue abaixo.

Bernardo Pellegrini e O Bando do Cão Sem Dono by Lucas Marcondes

Após o som local, a conexão vai longe e chega até Pernambuco, que traz o som de Babi Jaques e Os Sicilianos. Não é "beibe jeiques", ok? Já me peguei falando o nome deles assim. O correto, minha gente, é "babí jáques" mesmo, bem abrasileirado. Todos eles muito bem caracterizados ao estilo máfia. Don Corleone iria aprovar. Talvez o padrinho, paternalista que é, não aprovasse uma moça no comando dos vocais do grupo. Mas, vamos deixar o Don de lado. Ele não entende de rock, só de "negócios". Quem provou fazer música de qualidade foram Babi e os Sicilianos, ao mostrarem que Pernambuco não tem apenas times na segunda divisão (brincadeira, gente), mas produção musical interessantíssima.

Pra fechar a noite no Museu, um som tão nonsense quanto o filme de Ben Stiller. Não que isso seja ruim, pelo contrário. O Cérebro Eletrônico subiu ao palco, cantou, dançou, confetou. E, quem viu, certamente gostou da viagem dos caras, que tem músicas bem trabalhadas e letras com tiradas de humor, eletrodomésticos e orgias. Tatá Aeroplano, responsável pelos vocais da banda paulistana falou conosco ao término do show.

Assim, com uma chuva fina que ainda teimava em cair, a noite "de grátis" do Demo Sul acabou. Vale observar que José Serra, político atento que é, se redimiu por ter ignorado o festival em sua carreata por Londrina. O Demo Sul foi saldado com uma magistral queima de fogos vinda do comitê tucano durante os shows que ocorriam no Museu.

E os pombos? Bem, eu notei um voando freneticamente entre o palco e público. Demonstrava medo. Isso porque, agora, ele e sua trupe não são a única praga da cidade. De 15 a 23 de outubro, música boa também é!

18/10/2010

Resumo do fim de semana

Depois das prévias, achei que o Demo Sul ia demorar pra chegar. Não. Ele já ta aí, começou sexta-feira, numa Londrina escura às cinco da tarde, o que nos tirou da Concha Acústica e colocou no Museu de Arte. Mas oi? Você que tem uma avó que mora aqui desde sempre, vá lá e pergunte: “vó, o que acontecia quando as pessoas esperavam ônibus com chuva na antiga rodoviária?” (ah é, momento história: o que hoje é o museu de arte era uma rodoviária). Com certeza ela vai responder que todo mundo se molhava. E foi o que aconteceu. Chovia de lado e quando eu tive a brilhante idéia de ficar na barraca onde estava o pessoal da colaborativa (que era fechada do lado), descobri que all star não combina com poça d’água.

Por culpa de toda essa água que caiu por aqui e da mudança de lugar, achei que não ia aparecer uma alma pra assistir aos shows. Mentira. Deu gente. O pessoal se aglomerava por ali, caçava um bar nas proximidades pra arrumar uma cerveja e esperava que terminasse a passagem de som e que as bandas começassem a tocar. Começaram. A primeira banda era Bernardo Pellegrini e o Bando do Cão Sem Dono, com suas músicas poéticas e um menininho fofo (devia ser filho do Bernardo) que ficava dançando na frente do palco. Depois veio lá de Pernambuco essa banda toda cheia de estilo chamada Babi Jaques e os Sicilianos. Uma belezinha. Babi tem uma voz linda linda, bate cabelo e usa vestido vermelho. Os sicilianos, muito bem alinhados, são responsáveis pelo som que fez a platéia encharcada dançar e dançar. Por último, a banda Cérebro Eletrônico. Estava do outro lado do museu entrevistando Babi Jaques e os Sicilianos e perdi o começo do show, mas tava todo mundo se divertindo enquanto a chuva caía.

Lá no museu, os colaboradores encarregados de escrever sobre os shows ficaram só observando e anotando tudo, já que não rolava Internet como no Alona. Já o pessoal das fotos, do vídeo e do áudio teve que se adaptar às condições diferentes pra conseguir todo esse material que já foi postado aqui.

Me contaram que o Alona ferveu na sexta-feira. Com o coraçãozinho na mão, eu tive que ficar em casa. Mas o sábado não ficou atrás. O psychobilly dos Sick Sick Sinners, de Curitiba, fez todo mundo dançar. O Alona foi infestado por camisas xadrez e som de baixo acústico. Curiosamente, o número de topetes por metro quadrado foi menor do que se costuma ver nesses shows. Algum colaborador observou que a galera fica longe do palco. No sábado essa distância diminuiu um pouco, mas não tanto. Alguém resolveu dar um mosh, sinalizava com os braços pra quem estivesse ali na frente se amontoar, ninguém obedeceu. Mosh fail.

A banda The Silver Shine, da Hungria, continuou no psychobilly. Eu ficava cansada só de olhar pra baixista, que é toda magrinha e toca aquele instrumento maior que ela dançando e cantando o tempo todo. Era com essa mesma energia que as pessoas dançavam na frente do palco. Tava bonito de ver.

E depois de um intervalo pra arrumar tudo – e nessa, uma galera foi embora -, entra a banda Vendo 147. O que eu tenho a dizer é: nossa. Sentei ali na ilha e fiquei só observando, hipnotizada pelas duas baterias e pela sincronia de toda a banda. Sem perceber, eu já estava batendo o pé no chão e tudo reverberava. Aí eu senti uma coisa no braço. Olhei pro lado, devia ser bicho. Na mesma hora, a Sarah, que estava do meu lado também olha. Ela também sentiu. Ta esquisito isso aí. Daqui a pouco alguém diz que tem farelo do teto caindo: “olha ali o notebook de fulano”. Tudo preto. Nenhum microfone, duas baterias e o teto se esfarelando sobre os colaboradores. Vendo 147 foi minha banda preferida da noite.

A noite de domingo começou cedo, com a banda Brazilian Cajuns Southern Rebels. Era a banda mais diferente da noite, tinha mais a ver com a galera que tocou no sábado. O palco ficou pequeno pros seis caras. Eles ainda dançavam. Também dancei. E boa parte de quem estava lá. Fosse quem tinha ido só para vê-los ou o público das outras bandas, que curte um som diferente. Na entrevista de áudio eles até falaram um pouco sobre isso aí, de tocar pra uma galera que não é a que geralmente vai aos shows deles.

Depois, a banda Test Drive. A ilha estava tensa depois da polemicazinha das prévias. Deu tudo certo. Os meninos vieram com bichinhos de pelúcia no palco, trouxeram a caravana e rolou twitcam pras fãs que tinham aula na segunda-feira e a mãe não deixou vir pro show. Eles responderam as críticas feitas por aqui, falaram que “se é pra ser fofo, então é” e ainda conversaram sobre com a Tati na entrevista de vídeo. E se saíram bem, devo dizer. Por fim, tocou a banda Sugar Kane. O hardcore dos caras fez todo mundo pular igual louco, bater cabeça e cantar junto. Não caiu farelo do teto dessa vez, mas com certeza foi o show com público mais empolgado até agora.

Continuo achando que a coisa mais legal de estar todos os dias no Demosul, conversar com quase todas as bandas e observar bem o público em cada show é perceber essa diversidade, as diferenças entre estilos, bandas e públicos. Aliás, as bandas desse fim de semana apareceram cheias de peculiaridades. O guardador de baquetas de um dos bateristas da Vendo 147, a colher no bolso do vocalista da Brazilian Cajuns e os bichinhos de pelúcia da Test Drive (as explicações estão nas entrevistas em vídeo que eu vou linkar de novo, aqui, e aqui, respectivamente). Claro, sem contar todas as piadas que surgem na ilha e a troca de experiências que rola entre os colaboradores. Eu continuo me divertindo. E esse foi só o primeiro fim de semana.

16/10/2010

Entrevista: Cérebro Eletrônico

Última banda a se apresentar no primeiro evento do Demo Sul - os shows no Museu de Arte de Londrina - falou com a equipe de cobertura colaborativa do Festival, acompanhe:


15/10/2010

Tatá e o Cérebro no Demo Sul 2010

Tatá Aeroplano, vocalista da banda Cérebro Eletrônico, comenta sobre o Demo Sul e também fala sobre Deus e o Diabo no Liquidificador, o mais recente álbum do grupo, que terá show de lançamento no próximo dia 22/10, em São Paulo, terra natal dos caras.

Tatá Aeroplano by Lucas Marcondes

Abertura do Festival DemoSul presents: Cérebro Eletrônico(SP)

E enquanto a chuva caia por sobre o Museu de Arte, logo ao final desta célebre abertura, a banda "Cérebro Eletrônico" de São Paulo adentrou ao palco do Festival.

"As simples e estranhas melodias, as letras inteligentes, o frescor do som e a elegante produção garantiram ao Cérebro elogios fervorosos da crítica e um público fiel e entusiasta que não pára de crescer. As melodias da banda são diretas, muitas vezes atraídas pela maneira familiar da cultura pop, mas ao mesmo tempo com arranjos não convencionais e surpreendentes."
Confira as fotos deste romântico e, ao mesmo tempo, sarcástico show:

E começa o Demo Sul

Quem disse que o rock'n'roll tem medo de chuva?

A abertura oficial do Demo Sul 2010 teve que mudar de lugar em conta do mundo que resolveu desabar em água no final dessa tarde de sexta.

Mas nem por isso o festival deixou de começar com tudo! 'Imagina o que tá por vir!', foi um dos comentários que eu ouvi andando no meio da galera, debaixo do maior toró, lá no Museu de Arte de Londrina.

O 'improviso' acabo ficando tão legal, que quem ia pro banheiro ainda podia conferir as obras expostas no museu. Sem contar com as barraquinhas que vendiam LP's, CD's, livros, roupas e acessórios e por que não, brincos e materiais artesanais que alguns hippies apareceram vendendo por lá.

Apesar do frio e da chuva, o Demo Sul recebeu um público grande e bem diversificado. Pra quem é de açúcar e ficou em casa marcando, eu conto um pouquinho como foi:

A noite começou com Bernardo Pellegrini e o Bando do Cão sem Dono, aqui de Londrina mesmo. A banda tinha diversos fãns na galera, inclusive a mulher e o filho do Bernardo que, super tietes, sentaram-se de frente pro cantor e ficaram curtindo o show inteiro! Uns fofos! Misturando mpb, um pouco de jazz, samba e rock, o 'bando perdido' começou a noite embalando com um ritmos gostosos e letras marcantes. O grupo está já há alguns anos na estrada e afirmam fazer um circuito de 'shows de rua'. Todos os integrantes possuem uma grande bagagem no cenário musical, o que contribui mensamente no som dos caras, trazendo tanta coisa gostosa e diferente. Pellegrini, todo contente, afirma que Londrina tá com uma cena musical muito boa, e fecha a entrevista pra galera da colaborativa rindo: 'Agora que eu descobri que eu to feliz!'.


Logo depois dos veteranos, uma banda de Pernambuco subiu aos palcos pra mostrar que lá tem muito mais que frevo. Com um vestidinho vermelho, luvas,laço na cabeça, terno de risca de giz, suspensólios, chápeus e ocúlos escuros. Babi Jaques e os Sicialianos te fazem pensar num grupo italiano mafioso. Mas é exatamente isso que eles querem que você pense. A banda é ainda 'novinha' no cenário musical, com apenas 1 ano de estrada. Mas como a própria Babi diz, eles pularam diversas etapas. O grupo já viajou por diversas cidades no Brasil e já foi premiado em diversos festivais. Com um rock misturado com soul, swing-jazz e mpb, o grupo manda muito no palco e Babi surpreende a todos com a força de sua voz, aquela menina que parece tão pequenininha, tão meiguinha e está lá, gritando pra todos. Juntos, buscam romper a questão de se limitar a questão sonora e estão atrás de uma identidade artística. No palco, todos são atores, trazendo uma realidade paralela da década de 50 com a atualidade. A banda reconhece também a grande responsabilidade que existe por virem de um lugar aonde a música brasileira é tão forte e influente. 'Em Recife cada esquina toca um estilo musical. A gente sugou de tudo um pouco', conta o guitarrista do grupo. Levando a música deifnitivamente como um estilo de vida, a banda mora junta em Belo Horizonte que, segundo eles, fica na metade do caminho de suas viagens e é
sempre muito mais fácil que voltar pra casa. 


Pra fechar a abertura, Cérebro Eletrônico, de São Paulo, subiu ao palco. Eu confesso que já fiquei curiosa a respeito da banda quando eles passavam o som com uma música do Bowie! Pensei, coisa ruim dai não vai vir ne? E realmente, não me enganei. Com fortes influências do psicodelismo,
dos Mutantes, do Tropicalismo, entre outros, eles surpreendem desde o solo agudo da guitarra, aos confetes de festa que jogam para o alto, às letras das músicas que falam desde questões simples como o amor, até mais complicadas como eletrodomésticos. Isso mesmo. Sem contar ao cerébro de (bem, na verdade eu não tenho idéia do que que aquilo é feito) em cima de uma das caixas de som. O show de hoje foi o pré-lançamento do CD da banda, que mistura o rock, o pop, elementos eletrônicos e sons de brinquedos.


Então, isso foi só a primeira parte do primeira dia do festival!

Não deu pra ir a tarde? Agora a noite a programação continua no Espaço Alona! E durante toda a semana, o rock estará comendo solto pela cidade! Fica a dica!!

Beijo pra quem fica em casa, eu vou curtir o Demo Sul!!


*Fotos por Luiza Braga